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A magia da Electrical Parade voltou à Disney 20 anos depois

O imponente cortejo de carros elétricos com os clássicos da Disney sai de novo à rua até junho. O DN foi descobrir porquê
Ainda não tinha anoitecido quando dezenas de pessoas começaram a estender cobertores no chão e a aninharem-se, com sacos de comida e carregadores portáteis para os telemóveis, no passeio em torno da praça central da Disneyland. Faltavam duas horas para o início da Main Street Electrical Parade, um cortejo com carros de desfile eletrificados que desapareceu do parque de diversões em 1996 e voltou agora, de surpresa, ao mundo criado por Walt Disney. O parque de Anaheim - perto de Los Angeles - foi o primeiro, aberto há quase 62 anos. Muitas das diversões, como a Small World, ainda são desse tempo, preservando a memória de quem visitou a Disneyland em criança, depois levou os filhos e agora passeia por lá com os netos. O regresso da Electrical Parade, que esteve em Anaheim entre 1972 e 1996, é um aceno da Disney aos super fãs que se mantiveram fieis estes anos todos. E há bem mais que o que se possa pensar.
"Tive muitas mães e pais a virem ter comigo e a dizerem que queriam mostrar o cortejo aos seus filhos, queriam que eles vivessem aquele momento com a Electrical Parade. Para eles é um sentimento de nostalgia", explica ao DN John Addis, produtor executivo do cortejo e uma lenda viva na Disney, onde está desde os anos oitenta.
A Parade é tão popular que quem quiser um bom lugar tem de ir para lá várias horas antes. Às 20.30, hora marcada para o início, havia milhares de pessoas em toda a extensão do percurso. Apenas uns quantos sortudos conseguiram lugares VIP, reservados de frente para o castelo da Bela Adormecida, com cadeiras e vista privilegiada para o cortejo. "Na estreia, eu estava na entrada quando a parada começou. Os portões abriram-se e eu nunca tinha ouvido uma tal comoção na audiência. Eles esperaram décadas, literalmente, por este regresso", diz John Addis. Mas a nova vida da Electrical Parade é curta: estará na Disneyland apenas até 18 de junho, altura em que será substituída por algo novo, que ainda não foi revelado.
Kimberley (à direita) regressa todos os anos com a família
O cortejo dura cerca de meia hora e tem 22 carros de desfile iluminados com mais de 600 mil lâmpadas elétricas de várias cores. Representam sete clássicos da animação, como a Branca de Neve e os Sete Anões, Peter Pan e Cinderela. Os personagens principais acenam de cima dos carros enquanto dezenas de bailarinos e outros personagens dançam cá em baixo. As luzes, as cores, a música - tudo apela a uma memória histórica de outros tempos, a uma era que se diria mais simples, tal como o fundador o desejou. O génio de Walt Disney, diz Addis, foi criar um mundo em que a magia perdura. Numa altura em que a América está tão dividida politicamente, a Disneyland funciona como um vácuo onde tudo se deixa à porta.
"Walt queria que isto fosse um lugar para a família, mas em vez de olhar para os filhos no carrossel, todos pudessem experimentar as atrações juntos. E assistir à parada."
Para compreender o entusiasmo com a Electrical Parade, é preciso descobrir a ligação emocional que os parques Disney criaram com os seus visitantes. Existe toda uma sub-cultura de fãs incondicionais, que compram passes anuais para os parques - dos 329 aos 1049 dólares - ficam nos hotéis do resort e compram todo o tipo de merchandising. Há blogues e fóruns a partilhar dicas para aproveitar melhor os dias no parque. Sabem de cor onde estão os segredos, em especial as orelhas do Mickey escondidas nas várias atrações.
Kimberly Robinson, de 47 anos, é uma dessas fãs incondicionais - e transformou as viagens à Disneyland num acontecimento para a família alargada. "Ao longo dos anos, tornámos alguns eventos Disney numa tradição familiar. Todos os anos há mais membros da família a juntarem-se a nós no parque", explica ao DN. Foi o que aconteceu agora, com o regresso da parada, que serviu de motivo a mais uma viagem a Anaheim. A família veio do Utah, Arizona e Califórnia para uma semana de diversão.
"Com o regresso da Main Street Electrical Parade, não só revi uma das minhas paradas favoritas na Disneyland como pudemos trazer uma nova geração para apreciar a magia", afirma. Kim, que mora no Arizona, já é avó de uma menina de sete meses e há mais crianças no grupo. "Esta parada está cheia de surpresas em cada nova história ou carro, que as pessoas na audiência não estão à espera. Cada criação é única", elogia. "Ver esta parada pelos olhos de uma criança não tem preço."
Kim lembra-se bem da antiga Electrical Parade. Refere detalhes históricos e memórias de outros tempos. Foi por isso que John Addis decidiu manter a parada fiel ao passado. O produtor conta que os fãs são muito sensíveis às mudanças, e isso é tido em conta em todas as novas atrações. Ele está também a trabalhar na remodelação da Torre do Terror, que será transformada na diversão temática Guardiões da Galáxia. Diz não poder revelar nada sobre o projeto a não ser que "será para toda a gente" e está muito entusiasmado.
"Estamos a trabalhar com a Marvel, como é que não vamos estar super inspirados?", atira. Lá ao fundo já se veem as obras para o futuro parque Star Wars, que será dos maiores acontecimentos de sempre na Disneyland. Ambos os projetos alavancam o sucesso que os estúdios Disney tiveram no último ano. Em 2016, um ano recorde na bilheteira - 11,3 mil milhões de dólares - a Disney encaixou mais de metade dos lucros de toda a indústria.
Addis não sabe nada do que se vai passar lá. "Quem não gostaria de trabalhar nisto?" brinca. "Estou como qualquer outro visitante por aqui: mal posso esperar para ver."

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